Fragmentos de «A Porta do Sol», de Elias Khoury

 

Nesses dias, meu amigo,  tínhamos medo das pessoas assassinadas. Não tínhamos medo dos assassinos, mas dos assassinados.Tínhamos medo da cal viva. Tínhamos medo que os mortos se levantassem e avançassem para nós, trazendo consigo a cal que os cobria e as nuvens de moscas que os rodeavam.

(…)

Ele amava-a como se ela fosse a mulher de outro homem.

(…)

O peixe do mar de Tiberíades não acaba. A Galileia é isso, peixe, Cristo e pescadores. Eles não conhecem a Galileia. Tentam criar uma indústria de pesca. Como podem industrializar a água sobre a qual caminhou Cristo?

(…)

Pendurarei aqui todas as fotografias. Viveremos rodeados pelas fotografias.

Tirarei uma da parede, dou-ta e tu contarás uma história. Depois dar-te-ei outra, e tu contarás outra história. Suceder-se-ão as histórias.

Assim, organizaremos a nossa história desde o início, sem deixar uma única falha por onde a morte se possa infiltrar.

(Fragmentos de «A Porta do Sol», de Elias Khoury)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.